quinta-feira, 29 de abril de 2010

29 de abril - Santa Catarina de Sena

A vida dessa santa é cercada de tanta docilidade, bondade e caridade, que nos impressiona. A sua doce e singular personalidade se misturava com a sua marca, que era de extrema feminilidade, a qual regia a seu cotidiano.Foi em Sena que se presenciou o seu nascimento no dia 25 de março de 1347. Era a vigésima filha do casal Tiago e Lapa Benincasa .

Sua vida religiosa se inicia aos sete anos de idade e logo se poderia averiguar seus belos frutos. Completos seus quinze anos, Catarina ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. Conta-se que em uma passagem de sua vida, para poder vencer a repugnância para com um leproso que exalava um cheiro horrível, inclinou-se em sua direção e beijou-lhe as chagas.

Era de extrema bondade e caridade para com os pobres, e em público lia as suas cartas endereçadas a papas, reis e líderes. Esse papel social e político lhe renderam sérias complicações. Catarina teve que se explicar para os Dominicanos, insatisfeitos com sua atitude. Foi presa e em seu cárcere escreveu o“Diálogo sobre a Divina Providência”.

Foi lá também que adoeceu e, em 29 de abril de 1830, aos 33 anos de idade, veio a falecer encontrando o criador, conforme era o seu gosto. Foi canonizada a 29 de abril 1461 e em 1939 já tinha sido declarada a padroeira da Itália, juntamente a São Francisco de Assis.

Santa Catarina de Sena foi considerada Doutora da Igreja devido as idéias teológicas e místicas descritas em sua obra.

Oração de Santa Catarina de Sena:

Trindade eterna, vós sois um mar profundo, no qual, quanto mais procuro, mais encontro. E quanto mais encontro, mais procuro. Vós nos saciais de maneira completa, pois, no vosso abismo, saciais a alma de tal sorte que ela fica sempre com mais fome de vós. Que podereis dar-me mais de vós mesmo?

Sois o Fogo que queima sempre e nunca se consome. Sois o Fogo que consome no vosso ardor todo amor-próprio da alma; sois o Fogo que tira todo frio, que ilumina todas as inteligências e, pela vossa luz, me fizestes conhecer a verdade.

Dais ao olho humano luz sobrenatural em grande abundância e perfeição, e iluminais a própria luz da fé. É nessa fé que minha alma tem vida. Na luz da fé adquiro a sabedoria, na sabedoria do vosso Filho único; na luz da fé, tomo-me forte e constante persevero. Na luz da fé, espero que não me deixareis sucumbir no caminho...”

Os Acólitos


Por Rafael Vitola Brodbeck

Os acólitos, ou ministros, são os aqueles que servem ao altar. É por isso que, genericamente, também são chamados servos.

Podem ser instituídos mediante um rito litúrgico próprio pelo qual recebem um verdadeiro ministério, antigamente chamado de ordem menor. São esses acólitos instituídos que mais propriamente podem ser denominados acólitos. São os acólitos por antonomásia. Para diferenciá-los dos demais servos, acólitos não-instituídos, ou acólitos eventuais, sempre usaremos, nesta obra, a expressão “acólito instituído” para designá-lo.

O acólito instituído é ministro extraordinário da Comunhão Eucarística, podendo, nos casos permitidos pela lei canônica, conforme veremos adiante. Tem precedência sobre quaisquer outros leigos nesse ofício.

Todos, instituídos ou não, são fundamentais para a uma liturgia bem feita e, pois, precisam ser formados pare melhor desempenharem seu papel. Tanto a Missa simples como a solene podem ter acólitos, mas em nenhuma é estritamente obrigatório. Evidentemente, se mesmo na Missa simples é conveniente que exista ao menos um acólito, com muito mais razão na Missa solene, por sua própria natureza.

Ordinariamente, os acólitos assistem Missa no presbitério. Todavia, especialmente em uma Missa simples, o acólito não-instituído e que esteja sem paramentos, pode permanecer na nave ou no coro e só adentrar o presbitério para ajudar o celebrante no Ofertório e na Purificação depois da Comunhão. Sempre, entretanto, mesmo não-instituído e sem paramentos, em Missa simples ou solene, pode permanecer em uma cadeira ao lado do celebrante. Nas Missas com vários acólitos, alguns deles estarão mais próximos do celebrante e outros ocuparão cadeiras na sedília ou então no coro.

Estritamente falando, os acólitos ajudam no altar, oficiando, se forem instituídos, nas funções reservadas, segundo o Missal anterior à reforma litúrgica, aos antigos subdiáconos: servir o diácono, preparar os vasos e o altar etc. Em um grupo de acólitos, ocupa a liderança dentre eles um que seja instituído, se houver. Também é preferível que o cerimoniário, se for acólito, seja um instituído.

Além dessas funções, os acólitos podem desempenhar outros papéis na liturgia. Nesse caso, se ocuparem exclusivamente um só desses papéis, recebem nomes especiais:

se leva a cruz processional, é o CRUCIFERÁRIO;
se leva as velas, é o CEROFERÁRIO ou LUCIFERÁRIO;
se leva as tochas na Missa solene, é o TOCHEIRO, mas também pode ser chamado de ceroferário;
se leva e usa o turíbulo, é o TURIFERÁRIO;
se leva a naveta com o incenso, é o NAVETEIRO.
Os acólitos podem também levar os livros litúrgicos, especialmente o Missal e o breviário.

Também, na Missa presidida pelo Bispo, especialmente se for pontifical, alguns acólitos servem diretamente a ele, carregando os livros litúrgicos, a mitra e o báculo, com um véu branco nas mãos chamado vimpa.

Se não houver acólito instituído, outros varões leigos ocupam o seu lugar e se desincumbem de suas funções.[i] São os servos, estritamente falando, ou acólitos eventuais.

Os acólitos eventuais podem ser estáveis, quando, então recebem uma investidura do pároco ou reitor de igreja, celebração esta que não se confunde com a instituição pela qual o Bispo dá a algum varão o ministério próprio do acolitato.

Todos os atos executados pelos acólitos não-instituídos podem ser feitos pelos coroinhas, mormente quando não estejam presentes ministros mais velhos. Ou seja, podem eles ser turiferários, cruciferários, ceroferários, tocheiros, levar os livros, servir ao Bispo, ajudar no altar; só não podem distribuir extraordinariamente a Eucaristia. Geralmente, em uma Missa na qual sirvam acólitos e coroinhas, os primeiros desempenham funções que requerem mais cuidados enquanto as crianças os ajudam ou carregam objetos menos “perigosos”, adequados à sua própria condição.

O cerimoniário ou mestre-de-cerimônias é quem coordena todas as ações cerimoniais durante a Santa Missa e outros atos litúrgicos. Geralmente é um acólito instituído ou um sacerdote que não esteja celebrando a Missa. Sempre varão, pois, ainda que não-instituído, é um acólito (quando não um clérigo). Veste batina com sobrepeliz, ou então a alva com o cíngulo. A sua batina, em vez de preta, pode ser violeta, para diferenciá-lo dos demais acólitos. Mesmo que os demais acólitos vistam alva e cíngulo, é bom que o cerimoniário, ao menos, vista batina (seja preta, seja violeta) e sobrepeliz, para se destacar em sua importante função litúrgica.

Na Procissão de Entrada da Missa simples, vai pouco à frente do sacerdote e atrás dos demais ministros, e na Missa solene entre os leitores instituídos e clérigos em veste coral (ou, na sua falta, dos que andam imediatamente depois).

[i] cf. IGMR, 100.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Decoro nos lugares Sagrados

Autor: Cardeal D. Eugênio de Araújo Sales
Arcebispo emérito do Rio de Janeiro (Brasil)
Fonte: www.cliturgica.org

Tratemos hoje de desvios que, por vezes, ocorrem em igrejas e capelas. A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos diz: “Não é estranho que os abusos tenham sua origem em um falso conceito de liberdade. Posto que Deus nos tem concedido, em Cristo, não uma falsa liberdade para fazer o que queremos, mas sim a liberdade para que possamos realizar o que é digno e justo” (Instrução “Redemptionis Sacramentum”, n. 7).

Esses desvios, sem dúvida, “contribuem para obscurecer a reta fé e a doutrina católica sobre este admirável Sacramento” (Carta Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, n. 10), principalmente neste período de maior afluência de turistas ao nosso país e, aqui, à Catedral e à capela do Santuário Cristo Redentor do Corcovado, entre outros pontos.

Os sacerdotes que respondem pelo respeito a esses e a outros lugares sagrados esperam contar com a colaboração dos visitantes.

Dizia São Josemaria Escrivá: “Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor”.

Afirmava ainda: “Quando na terra se recebem pessoas investidas de autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira devemos preparar-nos?” (Homilias sobre a Eucaristia).

O novo “Catecismo da Igreja Católica” nos adverte: “A atitude corporal – gestos, roupa – há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede”. (n. 1387)

Nas mais diversas religiões, existe o lugar sagrado e quem nele entra, deve fazê-lo do modo de agir e de vestir condizente com o Sagrado. Em uma igreja católica acresce uma observância de regras mais exigentes, pois nossa fé nos ilumina com a presença real no Sacrário, em cujo interior está a Eucaristia, Jesus Cristo vivo sob as espécies sacramentais.

Mesmo os que não pertencem à Igreja Católica sentem-se na obrigação de uma postura adequada pelo mais elementar bom senso. O Senhor Jesus, tão compadecido no trato com os pecadores não recusa o uso de termos severos nesse assunto, o que revela a importância do que diz respeito à casa de Deus.

Há poucos anos, por diversas vezes, o Servo de Deus João Paulo II se manifestou sobre observância das normas litúrgicas. Na Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, com data de 17 de abril de 2003, assim nos ensinava sobre o assunto: “Por isso, sinto o dever de fazer um veemente apelo para que as normas litúrgicas sejam observadas, com grande fidelidade, na celebração eucarística. Constituem uma expressão concreta da autêntica eclesialidade da Eucaristia; tal é o seu sentido mais profundo. A liturgia nunca é propriedade privada de alguém, nem do celebrante, nem da comunidade onde são celebrados os santos mistérios (…). A celebração da Missa segundo as normas litúrgicas, e a comunidade que às mesmas adere, demonstram de modo silencioso, mas significativo, o seu amor à Igreja”.

O mesmo Sumo Pontífice, a 7 de outubro de 2004, em sua Carta Apostólica “Mane Nobiscum Domine”, assim se expressou: “Torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da presença real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo”, não só por ocasião da missa, mas em conseqüência da presença real na Eucaristia. A atitude de quem está no templo “seja caracterizada por um respeito extremo”. (“Mane Nobiscum Domine”, nº 18).

Evocando textos da Sagrada Escritura acerca do respeito pelo sagrado, cito ainda dois exemplos. No Antigo Testamento, o episódio da “sarça ardente” narra o que Deus diz a Moisés e elucida a sacralidade do lugar onde se encontra: “Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras, é uma terra santa” (Ex 3,5). No Novo Testamento, a atitude de Jesus reprova o desrespeito dos que ali se davam ao comércio: “Jesus entrou no Templo e expulsou todos os vendedores e compradores que lá estavam e disse-lhes: A minha casa será chamada casa de oração. Vós, porém, fazeis dela um covil de ladrões” (Mt 21, 13ss). Nas palavras de Jesus ecoa, não somente o facto de que a razão de ser do lugar sagrado é o culto divino, mas também um sinal da presença de Deus entre os homens e da religiosidade do povo.

Todas essas considerações nos levam a observar as normas a ser seguidas nas celebrações litúrgicas e nas visitas aos lugares de culto. Nos nossos dias, de maior movimentação pelo turismo, é importante não esquecer a diferença existente entre a visita a uma pinacoteca e ao lugar sagrado em si mesmo e, particularmente, durante a celebração litúrgica. Dois aspectos: o silêncio e o vestuário. O acolhimento aos que desejam entrar nas igrejas ou capelas não exclui a observância de certos requisitos por respeito ao sagrado e o clima espiritual a ser mantido.

Aqui no Rio de Janeiro, entre outros, cito a capela no Santuário Cristo Redentor do Corcovado, a Catedral e igrejas próximas à orla marítima. Não só durante as celebrações litúrgicas, as razões valem para quem tem fé, mas também para qualquer visitante por respeito ao lugar sagrado. Na entrada costuma haver advertências aos menos avisados sobre as exigências decorrentes da nossa fé. A observação das mesmas poupa eventuais aborrecimentos.

Os lugares de culto, bem cuidados, são eficazes meios de evangelização.

Sentido Teológico-Litúrgico do Altar

CRISTO É O ALTAR VERDADEIRO

Sabemos que os primeiros escritores cristãos, chamados Padres da Igreja, depois de terem lido, ouvido e meditado profundamente a Palavra de Deus, não tiveram nenhuma dúvida em afirmar que Cristo é a vítima, o sacerdote, o altar de seu sacrifício. Aliás, já a própria Palavra de Deus nos apresenta Cristo como o Cordeiro imolado (Ap 5,6), o Sacerdote supremo, o Altar vivo do Templo celeste (cf. Hb 4,14; 13,10). Portanto, Cristo, Cabeça e Mestre de todos nós, é o verdadeiro altar.

EM CRISTO SOMOS TAMBÉM ALTAR

Isto significa que, sendo Cristo a Cabeça do seu Corpo, que é a Igreja, logicamente seus membros e discípulos, os cristãos e as cristãs, podem ser considerados também, em Cristo, como outros tantos altares. Altares espirituais, nos quais se oferece a Deus o sacrifício de uma vida santa. Quer dizer: sobre o altar de nós mesmos, “sacrificamos” a nossa vida em favor dos nossos irmãos e irmãs, sobretudo os mais pobres. Como fez Jesus! Os próprios antigos Padres da Igreja sugerem toda essa compreensão de altar.

Santo Inácio de Antioquia († 117), ao ser levado a Roma para ser martirizado, fez o seguinte pedido: “Não me dêem nada mais do que ser imolado a Deus, enquanto o altar ainda estiver preparado”. São Policarpo († 156), ao exortar as viúvas a levarem uma vida santa, diz que elas “são altar de Deus”. E vejam o que escreve o papa São Gregório Magno (590-604): “Que é o altar de Deus? Não é o espírito dos que vivem no bem?...

É muito certo, pois, que se chame de altar o coração (dos justos)”. Ou também, usando outra imagem, a partir do escritor cristão Orígenes († 254), a Igreja hoje afirma: “Os fiéis que, entregues à oração, oferecem preces a Deus e imolam vítimas de súplicas, são pedras vivas com que o Senhor Jesus constrói o altar da Igreja” (cf. Ritual da dedicação de altar, n.º 2).

O ALTAR, MESA DO SACRIFÍCIO E DO BANQUETE PASCAL

Porque Cristo é o altar verdadeiro e, em Cristo, também nós somos altar, é natural que a mesa sobre a qual oferecemos a Deus o sacrifício de Cristo (e, em Cristo, o nosso sacrifício), e em torno da qual participamos do banquete pascal que nos é dado pelo Senhor, venha a ser chamada também de altar.

Neste sentido, a Igreja hoje nos ensina:

“Cristo Senhor, pelo memorial do sacrifício que, na ara (altar) da cruz, iria oferecer ao Pai, instituindo-o sob a figura de banquete sacrificial, santificou a mesa, em torno da qual os fiéis se reuniriam, a fim de celebrar a sua Páscoa.

Por conseguinte, o altar é a mesa do sacrifício e do banquete; nela o sacerdote, tornando presente o Cristo Senhor, realiza aquilo mesmo que o Senhor fez e entregou aos discípulos para que o fizessem em sua memória; o apóstolo claramente o indica ao dizer:

O pão que partimos, não é a comunhão com o corpo de Cristo? Já que há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão’” (Cor 10,16-17) (cf. Ritual da dedicação de altar, n.º 3).

SINAL DE CRISTO

Em todo lugar, atendendo às circunstâncias, os cristãos e cristãs podem celebrar o memorial do Cristo e sentar-se à mesa do Senhor. Mas é bom que haja um altar estável para a celebração da Ceia do Senhor. Harmoniza-se com o mistério eucarístico, motivo pelo qual se trata de um costume que vem da mais remota antiguidade cristã. No atual Ritual da dedicação de altar está escrito que, por sua natureza, o altar cristão “é a mesa própria para o sacrifício e o banquete pascal: mesa própria, onde o sacrifício da cruz se perpetua pelos séculos, até que Cristo venha; mesa onde os filhos da Igreja se congregam para dar graças a Deus e receber o Corpo e o Sangue de Cristo”.

E continua, citando a Instrução Geral sobre o Missal Romano:

“Portanto, em todas as igrejas o altar é ‘o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia’, para o qual, de algum modo, convergem todos os outros ritos da Igreja”.

E diz mais: “Por realçar que no altar se celebra o memorial do Senhor e se dá aos fiéis seu Corpo e Sangue, os escritores eclesiásticos foram levados a vê-lo como sinal do próprio Cristo – e daí tornar-se comum a afirmação: ‘O altar é Cristo’” (ibid., n.º 4).

HONRA DOS MÁRTIRES

O altar é a mesa do Senhor. Esta é a sua maior dignidade. Na antiguidade era costume dos cristãos erigir o altar sobre os restos mortais dos Mártires. E tinham consciência de que não são os corpos dos Mártires que honram o altar, mas o altar é que torna nobre o sepulcro dos Mártires. Por isso, para honrar seus corpos e dos outros Santos, e também para significar que o sacrifício da Cabeça se perpetua no sacrifício dos membros, hoje se recomenda erigir os altares sobre os sepulcros destes ou encerrar suas relíquias sob os mesmos.

Deste modo, como escreve Santo Ambrósio de Milão († 397), “entrem as vítimas vitoriosas no lugar em que Cristo é a Vítima. Mas, sobre o altar, aquele que morreu por todos; e, sob ele, os resgatados pela paixão de Cristo”.

Faz lembrar a visão do evangelista João, exilado na ilha de Patmos, registrada no livro do Apocalipse:

“Vi debaixo do altar, com vida, os que tinham sido degolados por causa da palavra de Deus e do testemunho que guardavam” (Ap 6,9).

E o atual Ritual da dedicação de altar explicita: “Na verdade, todos os Santos podem, com justiça, ser chamados testemunhas de Cristo. Contudo, o testemunho dado pelo sangue possui força espiritual, que somente as relíquias dos Mártires, colocadas sob o altar, expressam de modo total e íntegro” (ibid., n.º 5).

O CUIDADO DO ALTAR, UM DESAFIO...

O altar cristão é importante “memória” do verdadeiro altar, que é Cristo. Nele, todo cristão e cristã são também altares espirituais. Ele é, ao mesmo tempo, a mesa do sacrifício e do banquete pascal, sinal de Cristo e honra dos Mártires.

Então, resta-nos um desafio: como tratá-lo e como cuidar dele, de maneira que ele possa evocar, de verdade, o mistério de Cristo e da Igreja? O que fazer com o altar, de tal maneira que sua presença no espaço litúrgico realmente nos fale deste mistério? Numa próxima ocasião buscaremos responder a esta pergunta.

por José Ariovaldo da Silva, ofm
Publicado no site Mundo e Missão

Fonte: blog Arquitetura e Liturgia

terça-feira, 27 de abril de 2010

Arranjo beneditino - Parte II


Como podemos observar, o altar foi cuidadosamente ornamentado no chamado "arranjo beneditino", isto é, como tem sido feito em Roma, nas Missas celebradas pelo Santo Padre Bento XVI na forma "Versus Populum" (com o celebrante voltado para o povo).

- com o crucifixo no centro do altar, como ponto de referência tanto para o celebrante quanto para os fiéis.

- com o crucifixo voltado para o celebrante, quem é quem oferece o Santo Sacrifício da Missa ao Pai Eterno.

- com os castiçais esteticamente dispostos no altar em ambos os lados do cruficixo, dando destaque para o que está no centro.

No seu livro "Introdução ao Espírito da Liturgia" (graças a Deus, hoje vendido em livrarias católicas brasileiras!), o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, defende tal ornamentação nas Missas celebradas em Versus Populom, dizendo ainda:

"Mover a cruz do altar para a lateral para dar ao povo uma visão do padre sem interferência é algo que eu classifico como um dos grandes absurdos das últimas décadas. A cruz atrapalha a missa? O padre é mais importante que o Senhor? Esse erro deve ser corrigido o quanto antes, e pode ser feito sem necessidade de reformas. O Senhor é o ponto de referência."

domingo, 25 de abril de 2010

Arranjo Beneditino - Todos voltados para Senhor



Uma das grandes preocupações para com a Liturgia do Santo Sacríficio é fazer com que a celebração seja toda voltada para o Mistério que se é celebrado, ou seja o Sacríficio de Jesus Cristo ao Pai em favor de nós. O arranjo beneditino tem sua origem nos antigos arranjos do Rito Romano em sua forma extraodirnária, onde seis candelabros eram expostos em cima do Altar, o nome beneditino acaba por ser uma referência ao Papa Bento XVI que tem tornado este arranjo muito popular em toda a Igreja.

Com o surgimento da forma em que o Padre se encontra de frente para a Assembléia, verifica-se que as vezes muitos fiéis pensam que a Missa possa estar sendo celebrada para a Assembléia, enquanto a correta compreensão é que a Santa Missa é celebrada pelo Sacerdote com a Assembléia, tendo a centralidade inteiramente em Cristo Jesus, pois é Ele mesmo que oferece o Santo Sacrifício a Deus por nós.

Por isso o arranjo beneditino se torna muito útil para a compreensão do Mistério celebrado, tem em si a simbologia do Mistério e é uma forma em que sugere uma verdadeira e correta catequese litúrgica.

O arranjo consiste em colocar sobre o Altar 6 candelabros com velas acessas e no centro do Altar expõe-se o crucifixo do Senhor. Nas Missas celebradas pelo Bispo em sua Diocese utiliza-se 7 candelabros, o sétimo fica alinhado com o Crucifixo ao centro.

Para quem colabora com as preparações para as celebrações da Santa Missa em Paróquias, Dioceses e Capelas, sugerimos que busquem promover o arranjo beneditino, a fim de enriquecer enormente as Celebrações e o sentido litúrgico das mesmas.



Rito de Dedicação de Igreja

Fonte: blog "Salvem a Liturgia"
Introdução

A Igreja, desde que construída como edifício destinado unicamente e de modo estável a reunir o povo de Deus e a realizar os atos sagrados, torna-se casa de Deus. Por isso, de acordo com antiquíssimo costume da Igreja, convém que seja dedicada ao Senhor mediante rito solene. Quando a igreja é dedicada, tudo o que nela se encontra , fonte batismal, cruz, imagens, órgão, sinos, estações da “via-sacra”, deve considerar-se abençoado e erigido com o próprio rito da dedicação, não sendo precisa nova bênção ou ereção. Toda igreja dedicada deve ter um Titular.
Convém se mantenha a tradição da Liturgia Romana de encerrar sob o altar relíquias dos Mártires ou de outros Santos. Note-se que sejam partes dos corpos e que de tamanho tal que isso seja notado e que sejam postas sob a mesa do altar.

A liturgia de dedicação principia com as I Vésperas no dia anterior, quando havendo relíquias são apresentadas para veneração pública. Se existem relíquias, é muito conveniente que seja celebrada uma vigília com as mesmas. Tais cerimonias se fazem em uma capela ou outro local fora da Igreja a ser dedicada.

Preparativos

Deve-se preparar
a) no local onde sai a procissão:
  • Pontifical Romano
  • Missal Romano
  • Paramentos para todos (lembremo-nos das vimpas)
  • Insígnias para o bispo (especialmente nesta ocasião seria conveniente que usasse dalmática)
  • Cruz processional (sem velas)
caso se transportem relíquias, prepara-se ainda:
  • cofre com as relíquias, ladeado de flores e tochas
  • para os diáconos que vão transportá-las salva, estola e dalmáticas vermelhas, se os que carregam forem padres, estola e casula vermelhas. Se não forem mártires os mesmos paramentos, mas brancos.
b) No presbitério da igreja a ser dedicada:
  • Missal Romano
  • Lecionário
  • Caldeirinha com água e hissopo
  • Santo Crisma
  • Toalhas para limpar a mesa do altar
  • Toalha impermeável e 1 ou 2 outras toalhas para o altar
  • cruz e sete velas (ou no mínimo 2) para o altar
  • Lavabo e manustérgio para lavar as mãos do Bispo
  • (Sabonete e limão para lavar as mãos, tirando o óleo e o cheiro característico do Santo Crisma)
  • gremial e manícoto
  • pequeno fogareiro
  • pão, vinho e água para a celebração da missa
  • flores para enfeitar o altar
  • uma vela pequena que o bispo há de entregar ao diácono
  • véu-umeral, caso também se inaugure a capela do santíssimo sacramento ou o sacrário
Início
O bispo é comodamente recebido, se iniciar-se a celebração em outra igreja, reza como de costume onde se encontra a reserva Eucarística. Se for na própria igreja e não houver ali reserva eucarística, segue da porta para o vestiário.
Para se entrar na Igreja a ser dedicada existem 3 opções: procissão, entrada solene, entrada simples. Dando-se preferência à primeira.

Procissão
Em outra Igreja ou local conveniente, onde devem estar as relíquias se existem. O bispo dá início à missa como de costume: "Em nome do Pai...", "A paz esteja convosco" como breves palavras introduz o povo ao espírito da celebração e, em seguida, inicia a procissão. Não se usa velas nem incenso. Chegando à porta da Igreja, que deve estar fechada, aqueles que cuidaram da construção da igreja entregam ao bispo diocesano as chaves dirigindo a ele e ao povo breves palavras. Em seguida o bispo ordena ao sacerdote, a que compete o múnus pastoral da igreja (pároco ou administrador paroquial) que abra as portas. estando abertas as postar, o bispo convida o povo a entrar processionalmente: "Entrai pelas portas do Senhor...". Todos entram enquanto canta-se "Ó portas levantai vossos frontões. O bispo entra, sem beijar o altar e vai direto à cátedra onde dá continuidade à celebração. Se houver relíquias são depositadas no presbitério em lugar conveniente. rodeadas pelas tochas.

Entrada Solene

Os fiéis reúnem-se à porta da igreja que vai ser dedicada. As relíquias já terão sido depositadas no presbitério previamente. O bispo inicia a celebração à porta. Seria muito conveniente que esta estivesse fechada e que a procissão fosse a frete da igreja por outro caminho, caso isso seja demasiadamente difícil, os ministros podem sair pela porta da igreja, que permanece já aberta.
Inicia-se normalmente. Um dos encarregados da construção da igreja entrega as chaves ao bispo, se as portas estavam fechadas, abrem-se. O bispo convida todos a entrarem na igreja, como quando se faz a procissão.
Entrada Simples
Estando os fiéis reunidos já na Igreja, o bispo e os ministros dirigem-se para o presbitério habitualmente. As relíquias sã levadas na própria procissão de entrada. O bispo sem beijar ou incensar o altar dá início a celebração, em seguida são-lhe entregues as chaves da igreja como nos ritos acima.





Bênção da Água e Aspersão
Terminada a entrada, o bispo sem incensar o altar e sem beijá-lo vai para a Cátedra, permanecendo de pé. Então, quando todos estiverem nos seus lugares, dá início à bênção da água. Finda a bênção, o bispo assistido por diáconos, percorre a nave da igreja aspergindo o povo e as paredes. De regresso ao presbitério, asperge o altar. Em seguida canta-se o hino: "Glória a Deus nas alturas". Em seguida o bispo diz "Oremos" e profere a Oração do Dia.


Liturgia da Palavra
O bispo senta-se como de costume. Antes, porém, do inicio das leituras, os dois leitores e o salmista vão até o bispo segurando o lecionário que tomaram da credência. Entregam-no ao bispo que mostra ao povo, permanecendo na cátedra: "A Palavra de Deus ressoe sempre...". Os leitores e o salmista dirigem-se para o ambão levando o evangeliário de modo que todos vejam. Usam-se leituras próprias que se encontram no Lecionário do Pontifical Romano Findas as leituras, proclama-se o evangelho como de costume. Não se usa, porém, incenso nem velas. O diácono pede a bênção ao bispo, pega o evangeliário que está sobre o altar desnudo e dirige-se para o ambão.
Durante a homilia, que o bispo faz comodamente da Cátedra, ressalta a dignidade da casa de Deus que é a igreja, do respeito que se deve ter com ela e do significado do rito da Dedicação.
Terminada a homilia, todos dizem ou cantam o Creio.



Ladainha
Após a liturgia da palavra, o bispo convida o povo a orar: "Meus irmãos e minhas irmãs, oremos a Deus..." Em seguida, fora do tempo pascal e domingos, um diácono diz: Ajoelhemo-nos. E todos se ajoelham. Para o bispo seria conveniente um faldistório. No tempo pascal e domingos, todos permanecem de pé. Canta-se, então a Ladainha de Todos os Santos, inserido-se na parte adequada, o titular da igreja, dos santos cujas relíquias forem depositadas e o padroeiro do local. terminada a ladainha, o bispo, de pé, de mãos estendidas recita: "Senhor, aceitai com clemência". Se estiverem ajoelhamos o diácono, ao final diz: "Levantai-vos".

Deposição das Relíquias
Depois, se houver relíquias de santos, são depositadas sob o altar. O bispo dirige-se para o altar. Um diácono ou presbítero apresenta as relíquias ao bispo, que as encerra em um sepulcro previamente preparado. Um pedreiro fecha o sepulcro, e o bispo volta à cátedra.





Prece de Dedicação e Unções
Em seguida, de mãos estendidas, da cátedra ou do altar canta ou recita: "Deus Santificador e Guia de vossa Igreja...". Em seguida o bispo tira, se necessário, a casula e põe o gremial. Se não estiver no altar, dirige-se para ele acompanhado pelos diáconos e outros ministros, um deles portando o Santo Crisma.
Então diz: "O altar e a casa" e derrama o Crisma no meio do altar e nos quatro lados do altar.
Depois disso unge as paredes da igreja, marcando as doze ou quatorze cruzes
dispostas nas paredes com o sinal da cruz. Nisto pode ser ajudado por dois ou quatro presbíteros, não porém diáconos.
Feitas as unções, o bispo volta para a cátedra, os ministros lavam-lhe as mãos. O bispo depõe o gremial e toma novamente a casula.




Primeira Incensação da nova igreja
Coloca-se um fogareiro sobre o altar com brasas. O bispo, sem mitra, coloca incenso no fogareiro e benze-o. Ou coloca sobre o altar um punhado de incenso e velas. O bispo coloca incenso no fogareiro e benze-o; ou com uma pequena vela acende o incenso, dizendo: "Suba a nossa oração, Senhor".
Depois o bispo coloca incenso nalguns turíbulos, benze-os e incensa o altar. Em seguida volta para a cátedra, é incensado, sem mitra, e senta-se. Os ministros percorrem a nave da igreja incensando o altar e as paredes. Enquanto isso canta-se.

Iluminação do altar e da igreja
Depois de terminado o canto e a incensação, limpa-se o altar e, se necessário estende-se sobre ele a toalha impermeável e a(s) outra(s). Adorna-se o altar com flores e depõe-se sobre ele os castiçais (7, por se tratar de uma missa estacional) e o crucifixo.

Depois o diácono aproxima-se do bispo, este lhe entrega-lhe uma pequena vela acesa dizendo: "A luz de Cristo". Em seguida o bispo senta-se e o diácono acende as velas do altar e as próximas às cruzes.













Liturgia Eucarística
Diáconos e ministros preparam o altar como de costume. O bispo ao dirigir-se para o altar, antes da apresentação dos dons, beija-o, não se incensa o altar no momento do ofertório. No Cânon Romano (Oração Eucarística I) ou na III, usa-se o prefácio próprio do rito de dedicação da igreja. No Cânon, diz-se "Recebei, ó Pai" próprio, na Oração Eucarística III, insere-se a intercessão própria. A missa encerra-se como de costume. Se houver inauguração da capela do Santíssimo Sacramento, seja feita após a oração depois da comunhão, da seguinte forma:

Inauguração da Capela do Santíssimo Sacramento
O santíssimo permanece no alta após a comunhão, o bispo sem solidéu diz a oração. Então, volta ao altar, coloca incenso no turíbulo e benze-o. Ajoelha-se e incensa o santíssimo. Depois, recebe o véu de ombros e com ele pega a âmbula. Organiza-se a procissão até a capela:
  • Na frente vai o cruciferário, rodeado pelos ceroferários com duas velas
  • Segue-se o clero: diáconos, presbíteros concelebrantes
  • O acólito com o báculo do bispo
  • Dois turiferários com os turíbulos
  • O bispo com o Santíssimo Sacramento
  • Os dois diáconos assistentes
  • Os acólitos com o livro e a mitra
Todos levam velas; em volta do Santíssimo Sacramento, tochas. Durante a procissão canta-se. Chegando a procissão a capela da reposição, o bispo entrega a âmbula ao diácono, este a depõe sobre o alta ou dentro do sacrário mantendo a porta aberta. O bispo de joelhos incensa o Santíssimo Sacramento. Durante certo tempo todos rezam em silêncio. Então, o diácono guarda a âmbula do sacrário, se já não estiver e fecha a porta. Um acólito acende a lâmpada que ficará constantemente acesa indicando a presença do Santíssimo Sacramento.
Se a capela ficar em lugar visível aos fiéis que estão na nave da igreja, segue a bênção; se não, volta de maneira habitual para o presbitério e neste o bispo abençoa. Usa-se a fórmula pontifical. O diácono despede o povo e faz-se a procissão final como de costume.

Tomamos por base o Cerimonial dos Bispos (VI Parte - Sacramentais; Capítulo IX - dedicação de igreja; 864 - 915